Segunda-feira, 30 de Agosto de 2010

Assim Falou Zaratrusta" informa o Mundo de que este nasceu.

Glorioso ribombar que se ouve quando de súbito, alinhado com o imponente Sol aparece o Mundo. Macacos que serão humanos, humanos que foram macacos. Desde muito cedo que aprendemos, o manejar de um osso animal irá transformar-se no manejar de uma nave espacial. E assim enquanto um osso ultrapassa os limites da gravidade e roda no ar, surge num brilhante corte, uma nave espacial. Dançaremos nós com a maviosa evolução. Imagens surpreendentes do espaço, do mais além que não conhecemos, somos ofuscados pela densidade visual, ignoramos que vivemos com os pés bem assentes no planeta Terra e assim damos a mão ao mestre Sr. Kubrick e entramos numa Odisseia no Espaço. Poucas palavras são precisas quando viajamos, uma viajem é algo para experimentar, para se compreender e dificilmente descritível. Nesta viagem aprendemos a eloquência da imagem, a sua grandiosidade, a sua sonoridade e quase que nos arrepia sermos expostos a tão profunda espectacularidade visual. Uma criação exacerbada poderá ultrapassar o homem? Quando descansarmos das nossas funções para atribui-las a algo não humano que nós próprios criámos, haverá problemas? Submissos ao avanço, presos na ignorância do saber, dão mais um passo em frente e esquecem os passos que têm que dar para trás. Olvidado da sua natureza, cria a máquina, o humano regurgita ideias, descansa e quando fecha os olhos, terá que acordar. Nesta pequena fábula cinematográfica Stanley Kubrick comunica intimamente com as necessidades cinematográficas. A sua obra revela compreensão pelo cinema, o cinema necessariamente precisa de filmes de qualidade, não de filmes de um género, não de filmes que susceptíveis a grandes receitas, mas de algo minuciosamente elaborado e pensado, o espectador precisa de atravessar barreiras, conhecer aquilo que não conhece e surpreender-se, não por estar à espera de ser surpreendido mas pela completa escuridão. O trabalho cinematográfico terá então de iniciar um espectador na completa escuridão e depois dar-lhe luz com tal força que este pasmar-se-á, e assim conseguir o derradeiro objectivo do cinema, arrepiar os pelos, a pele, a carne e os ossos, encurtar a respiração e acelerar a pulsação do ser que assiste ao que vê, não por nenhuma das emoções facilmente assinaláveis, mas por uma superior, inexplicável.

 

 

 

E assim temos cinema.

publicado por Pedro Emanuel Cabeleira às 15:49

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Obrigado. Diogo, já debatemos muito a genialidade ...
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