Perturbadora esta película de Von Trier. Remete-nos para dois cinemas, um dentro de outro. No entanto a beleza do primeiro evoca a beleza do segundo. Planos laborados minuciosamente onde há dois movimentos, o de fundo e o que nos aparece à frente. Uma harmonização falaciosa mas interessante, originalidade na tela, Von Trier pinta assim um conto lúgubre como ele gosta.

Um norte-americano, vivendo em comunhão com o que o rodeia, insere-se numa intriga pós - 2ª Guerra digna de Hitchcock. Trabalha em Zentropa, o absurdo vai dominando campo e contra campo.

É evidenciado a quebra com as normas temporais, sugerido pela poderosa voz off de Max von Sydow que conta e dialoga com o personagem, a volubilidade espacial também está destacada nas imagens onde a ambiguidade visual é excepcional.

Um angustiante passeio ferroviário, uma cativante sensação enjoativa causada por um preto e branco expressionista e clássico que prende de um modo medonho. Peculiaridade na forma ágil com que a história reage às próprias reacções do personagem. Uma elipse que acabará por enjaular o personagem no desespero.