Em cooperação com Diogo Figueiram, autor do blog A GENTE NÃO VÊ e com o acompanhamento de Alexandra Corte-Real de Almeida foi realizada uma entrevista a Vasco Rosa.
Jovem realizador e produtor português que irá estrear agora o seu projecto mais recente, "A Chamada". Jovem cineasta que se destaca pela agilidade dos seus métodos produtivos e pela eficácia destes mesmos. De momento encontra-se a preparar "Oblivion", a sua primeira longa-metragem.
Os meus agradecimentos ao Vasco por se ter disponibilizado para esta entrevista.
Sendo uma transcrição de uma conversa, a sintaxe utilizada pode não ser a mais correcta.
Vasco, conhecemos o teu mais recente projecto, "A Chamada", e queríamos, para começar, desafiar-te a deixar aqui duas frases que deixem os nossos leitores com vontade de ver o filme.
Eu acho que é uma história bastante rara porque é um filme passado nos anos 90, em Portugal, e raramente, nos filmes portugueses, fazemos filmes passados noutra época que não a actual. Pelo menos nos anos 90, acho que não pegamos muito nisso; pegamos se calhar nos anos 60 ou 70, mas nunca pegámos nos anos 90. Depois, a outra coisa curiosa é a questão de serem jovens e ser um filme sobre jovens. Normalmente, num filme meu os actores têm sempre a minha idade. Ou seja, no "Últimos Dias" tínhamos todos esta idade mais nova mas fazíamos de adultos e isso não resultou bem, porque tira a credibilidade ao filme e não funciona (foi uma das grandes críticas que lhe foram feitas). Agora, no "A Chamada" os personagens são jovens e são interpretados por jovens.
Basicamente, passa-se nos anos 90 e as questões centrais são a esperança e as viagens no tempo. Aquela coisa de que todos nós gostaríamos de voltar atrás no tempo, para mudar alguma coisa da nossa vida, como salvar alguém. Neste caso, é mesmo isso: o Ricardo quer salvar a namorada, que é morta, não se sabe porquê nem por quem e entra num loop temporal, sem saber como é que isso acontece. A missão dele é impedir que a namorada morra. Como não consegue à primeira, tem as tentativas todas que quiser; até conseguir salva-la, o loop não acaba. Eu acho que é um filme emocionante, é um thriller. Não vai criar grandes sustos, as pessoas não vão saltar das cadeiras, mas vão ficar perturbadas e tensas.
Quando acabar vai ser uma espécie de alívio. As pessoas não vão estar à espera que seja aquela pessoa e é quase como o jogo do Cluedo - todos têm uma razão, uma arma e só falta saber quem é. Digamos que é também uma resolução de um assassinato.
De onde é que partiu esta ideia ?
Eu sempre quis fazer um filme de terror. Adoro filmes de terror. E raramente se fazem filmes de terror em Portugal. E eu lembro-me de ir ao Parque da Serafina, no verão, e olhei para a cabine telefónica que está lá, verde, daquelas antigas, e pensei que tinha de filmar aquilo. Ao lado da cabine há um caminho daqueles de terra batida, muito comprido, com umas árvores, e eu comecei a olhar para aquilo e para mim era tudo muito cinematográfico, pedia para ser filmado. Comecei a pensar e surgiu-me a ideia de alguém a passar e, do nada, o telefone toca. É uma coisa estranha, um telefone tocar do nada, quando uma pessoa está a passar. Ele atende e quem é que é: ele próprio. É mesmo estranho, ele ouve a própria voz. E porque é que ele está a falar com ele próprio ? Porque houve ali a tal questão temporal.
A ideia inicial ia ser com ele próprio a ter morrido, e era quase como se aparecesse o fantasma dele, que ali pairava para sempre e o avisava - "não saias para o parque de estacionamento porque vão assaltar-te, dar-te uma facada e vais morrer". Depois alterámos essa versão.
Mas não foste tu que escreveste o argumento.
Não. Eu antes fazia de tudo um pouco. Mas quero começar a especializar-me (realização e produção). Acho que todos nós somos melhores numas coisas do que noutras e estarmos a fazer aquela coisa de ter o nosso nome espalhado em todo o lado, nos créditos finais, é do género "ah faço tudo, sou muito bom, não preciso de ninguém". É assim, eu preciso de montes de pessoas. Até há pouquíssimo tempo era eu não tinha ninguém a fazer os filmes comigo; fazia quase tudo sozinho, por necessidade. Claro que não me importo de fazer de tudo um pouco; tudo é interessante. Mas, por exemplo, há muitos anos que não escrevo e achei que era muito mais interessante pedir a uma pessoa que escrevesse bem e que conseguisse fazer aquilo rapidamente, que conseguisse trabalhar muitas versões, para eu produzir e realizar aquele argumento.
Eu e o Miguel Cravo (ideia original) começámos a fazer umas notas, até foi num guardanapo, na esplanada da Serafina, esboçámos as ideias que queríamos e o Joel Gomes, que é o argumentista, desenvolveu. Fez sete versões e filmámos a versão final.
E durante a escrita do argumento, houve muito trabalho de pré-produção ?
Foi muito rápido, o "A Chamada". Demorou apenas dois meses, sendo que costumo demorar cerca de seis ou sete. Demorou dois porque eu disse ao Joel que queria filmar em Setembro, algo que teve a ver com a disponibilidade dos actores com que íamos trabalhar ao início, mas que acabaram por sair do projecto. Acabei por contactar os agentes de novos actores, do Fernando Pires e da Ana Marta Ferreira, sendo que o Fernando disse logo que sim e perguntou se queria ajuda e a Ana Marta também ficou logo muito entusiasmada. O Fernando fez um grande esforço: ia gravar a telenovela "Sedução" e ia a correr a Lisboa gravar o "A Chamada"; ele não parava.
Como é que reuniste esta equipa, como está a ser trabalhar com eles e de que forma é que vês neles uma plataforma sólida para uma colaboração futura ?
Reunir a equipa não foi fácil. São imensas pessoas e eu nunca tinha feito uma produção minha com tantas pessoas. Houve alguns problemas porque contratei uma equipa de produção que não conhecia muito bem, mas precisava mesmo deles. Desiludiram-me - lembro-me de estar na Serafina, a meio de uma filmagem, à noite, e estávamos a discutir. Eu queria ir realizar o filme e havia sempre um problema. Mas, por outro lado, enquanto eu tratava disso, toda a gente estava a ensaiar, apesar de eu não estar lá. No "Últimos Dias", sem mim ninguém estaria a fazer nada porque éramos muito poucos e não havia essa dinâmica.
Como disse, reuni-los não foi nada fácil. Até porque eram pessoas de várias áreas e a maior parte só se conheceu nas filmagens. A ideia original era reunir uma equipa que se conhecesse no "A Chamada" e depois pudesse fazer o "Oblivion", quando este ainda era para ser uma curta. Como agora o "Oblivion" já vai ser uma longa, a pagar, vou contratar os melhores.
E depois, se há coisas boas em reunir equipas jovens, também há coisas más. É que há uns que estão dispostos e outros que nunca estão dispostos.
No "A Chamada", ainda não conseguiste que a equipa e os actores fossem remunerados ?
Não.
Mas todos aceitaram trabalhar sem problemas.
As pessoas ficam muito admiradas, nomeadamente em relação aos actores. Mas se calhar os actores até têm ainda mais interesse em trabalhar sem receber do que o cameraman ou o director de fotografia. Porque, claro que ganham todos currículo, só que o actor está sempre em frente à câmara, sempre a ter visibilidade, vai aparecer, vai ser entrevistado, vai falar do filme.
Tens apostado numa divulgação do projecto de forma muito dinâmica, através de Youtube, Facebook, e afins. Tens em vista outro mecanismo de marketing ?
Talvez o Sapo Cinema. A ideia era fazerem passatempos para oferecerem convites para a antestreia do "A Chamada" em Março, realizar entrevistas com os actores, etc. Para mim o Youtube é essencial e o Facebook também tem dado imenso jeito.
E televisão ?
Para o Oblivion, só. Só faz sentido fazer isso para uma longa, porque o "A Chamada" não vai estar à venda, não vai estar nas bilheteiras. Eu até estou em contacto com uma pessoa da ZON para fazer a antestreia e eles já me perguntaram se eu tinha plano de distribuição. Eu interpretei isso como uma questão sobre estar interessado em mostrar o filme nos cinemas, ainda antes de uma longa. Se eles realmente me tivessem dado essa oportunidade, eu dizia que não. "A Chamada" ainda não tem categoria para ir para o cinema; quero ir para o cinema com o "Oblivion".
Muito do que os cineastas portugueses se queixam tem a ver com a pós-produção de som. Sentes esse problema ?
Por acaso não. Realmente os filmes portugueses têm sempre um som muito estranho, com dobragens mal feitas, por exemplo. Se for bem feito, é fácil dobrar um filme - o "A Chamada" vai ser dobrado. Dá é muito trabalho, mas eu estou a trabalhar com um pós-produtor de som inglês, o Henry Nesbitt, que tem imensa experiência e não tem tido problemas nenhuns.
Tens algum circuito de festivais em mente, para o "A Chamada" ?
Tenho. Eu queria participar no Fantasporto, mas estou um bocado desiludido com eles. Eu fui num ano na abertura do festival passaram o tempo a dizer mal de Lisboa. No outro dia mandei-lhes um mail a pedir para me poder inscrever ainda, sendo que as inscrições tinham terminado em Dezembro, porque ainda não tinha o filme terminado. Nem me responderam. Bom, li no site que tiveram muitas inscrições e se calhar foi por isso; passou-lhes ou não tiveram tempo. Mas normalmente nunca há problema nos outros festivais, mando um work in progress e depois envio o filme terminado.
Depois há o Sitges, em Barcelona, que é quase os Óscares do cinema fantástico, há o MoteLx, e não tenho muito mais. Não estou estou inclinado ainda para grandes festivais, vou é apostar a sério em inscrever o Oblivion, em festivais como o Sundance ou Tribeca.
Há uma coisa que os cineastas portugueses entendem como paradigma: um filme português não lucra nem nunca lucrará. Achas que é possível ?
Depende muito do que queres dizer com "lucrar". Uma longa portuguesa, por mais que seja distribuída nas salas portuguesas, dificilmente se paga. Por exemplo, o "Oblivion", se for para os cinemas vai-se pagar, porque estamos a pensar gastar, no máximo, 20.000€. Para mim, é muito dinheiro, mas para uma longa é pouquíssimo. Mas eu sei que o vou conseguir fazer. Por exemplo, em Portugal, uma longa custa em média 500.000€.
Mas esses filmes têm o apoio do ICA.
Pois, o ICA ... Uma vez uma senhora que trabalhava no ICA perguntou-me, muito admirada, como é que eu tinha conseguido fazer o "Últimos Dias" com tão poucos meios. Mas por exemplo, porque razão é que eu, jovem realizador, se quiser candidatar-me ao apoio do ICA, não posso ? Não posso, não tenho uma produtora registada. A Byron ainda não está registada.
E há o problema dos critérios, dos objectivos.
Já me contaram histórias. E é por isso que nunca vou perder tempo a imprimir um projecto para o ICA.
Até porque é importante apostar em produzir independentemente do Estado.
Sim, os privados. Eu acho que a chave para o cinema português são os privados. Claro que é difícil, mas é possível. Por exemplo a PT, apesar de ser apenas semi-privada, pôs lá a cabine. A maior parte das pessoas deve pensar que o director é meu tio ou algo do género. Mas não é. Não tinha lá nenhum contacto, sequer.
É preciso ter tenacidade e saber procurar.
Exactamente.
Voltando ao lucro do cinema português.
O máximo que um filme português tem é à volta de 300.000 espectadores. Mas a não ser que um filme custe 20.000€ como o "Oblivion", o filme não se paga. Por isso, a minha ideia é fazer filmes que se possam exportar. O mercado brasileiro está completamente desperdiçado, que têm de ver os nossos filmes - eles falam a mesma língua que nós. Espanha, que estão próximos. África, eventualmente e os Estados Unidos.
Os maiores sucessos nacionais foram produzidos pelo Tino Navarro, com o Joaquim Leitão a realizar.
Podemos passar, então, ao Oblivion. Como é passar da produção de uma curta para uma longa ?
O "Oblivion" era para ser uma curta. Mas muita gente insistiu que fizesse uma longa. Eu queria esperar mais uns anos, mas as pessoas acreditavam no potencial. Mas tinha de ser desta. Eu acho que o cinema só atinge a sua verdadeira essência numa longa. Numa curta não tens tempo para, como espectador, conseguires viver aquilo a sério. E eu decidi fazer uma longa também porque as filmagens do "A Chamada" foram muito duras e eu não conseguia trabalhar naquelas condições, sem ter uma equipa a receber. Tinha de começar a haver dinheiro envolvido; é também uma questão de sobrevivência. Uma pessoa tem de viver e isto é uma profissão.
Mas existe muito a mentalidade de que o cinema deve ser pobre.
Depois são pobres, têm de ir pedir dinheiro aos outros e fazem filmes que ninguém vê.
Levantas o véu a alguma das surpresas que nos esperam, em "Oblivion" ?
O protagonista é o Pedro Martin, é um dos melhores modelos do país. Gravou recentemente para a série "Vôo Directo" (RTP) e ainda não fez mais nada de grande destaque ao nível de interpretação. Mas quando eu vejo alguém que encaixa mesmo no perfil que eu quero, nem quero saber se é actor ou não. Eu filmei com ele uma curta ("O Dia D"), há uns tempos, e adorei trabalhar com ele. Precisa de muitos ensaios, é verdade, mas chega lá. Nessa tal curta, o melhor momento dele foi quando ele brindou - ele está habituado a fazer muita publicidade e sabe fazer aquele sorriso "comprem". Portanto, ele sabe fingir uma coisa que não é. E esse é o James, um prostituto de luxo infeliz, que tem de estar sempre com um ar de glamour.
Vais também trabalhar com um estilista conceituado, o João Rolo. Como chegaste até ele?
Foi muito complicado, eu liguei para o ateliê dele mas ninguém atendeu porque já estava fechado, depois adicionei-o no facebook, mandei-lhe um mail, ele foi super simpático e disse logo que sim. Aconselharam-me a falar com João Rolo porque ele era a pessoa indicada, porque é ele quem faz vestidos de alta-costura, para prémios é ele que faz, e ele faz um tipo de vestido com muito glamour que é aquilo que o filme pede. E é muito bom ele ter aceitado visto o vestido ser um aspecto da rapariga ser um aspecto fundamental do filme, para haver o contraste entre o vestido e a face dela, como ela se quer matar vai estar sempre com a maquilhagem toda borrada, cabelo desgrenhado e um vestido comprido e sofisticado. É aquela dicotomia entre o sofrimento interior mas por fora é uma mulher bela, rica, invejada por qualquer pessoa.
No Oblivion também vais apostar forte no marketing?
Sim, desses 20.000€ estamos a pensar em gastar 5.000 em publicidade, fazer montes de cartazes, standees nos cinemas, anúncios de televisão, outdoors, mupis, fazer uma secção só do “Oblivion” no site da Byron, continuar a apostar no facebook, acho que é essencial. O trailer tem de ser super apelativo, colocá-lo em várias plataformas. Ainda tenho de pensar se quero tentar primeiro a glória e o prestígio dos festivais ou se quero sobreviver e ver o meu filme no cinema.
Preferes digital ou película?
Eu só posso preferir digital, eu nem posso pensar em película se nunca vou poder tê-la. Acho que com o digital consegue-se perfeitamente. Se tu souberes o que fazes resulta, por exemplo, no “Fá-las curtas” era digital e tinha uma imagem excelente, tem cor, tem vida, estou a adorar, só espero que agora não escureçam, porque as têm passado até agora têm sido muito escuras. Mas acho estranho, porque está a ser usada uma câmara HD com muita qualidade e quando nos mostram os brutos nos monitores tem uma qualidade espectacular. “A Chamada”, por exemplo, foi filmada com uma máquina fotográfica, a Canon 550D.
Quais as obras que intensificaram a tua relação com a sétima arte?
Eu quando vejo um filme, eu vivo muito um filme como espectador normal. Odeio dissecar filmes, tenho muita dificuldade em dissecar um filme, há muitos filmes que vi e adoro, mas não sei necessariamente quem realizou e o nome do filme, por vezes nem sei os nomes dos filmes. No “Fá-las curtas” disse “Titanic” e assim, e vão pensar, “este gajo só gosta de blockbusters”, mas por exemplo o “Belle De Jour” de Buñuel é um filme que está lá. Depois há aqueles filmes que eu refiro sempre, “Titanic”, o “Malèna”, “Cinema Paraíso”. “E Tudo o Vento Levou” foi a melhor sessão de cinema da minha vida, fui vê-lo à Cinemateca quando estava a chover, é formidável ir ao cinema quando está a chover, o filme é de 1939 e tem tecnologia e dinâmica que nós nem em 2030 vamos alcançar, uma actriz com quatro anos que representa melhor que ninguém, os efeitos da cidade a arder com os meios que tinham, eles tinham muito dinheiro, mas é preciso mais que isso, se qualquer dia fizer um filme como este, posso morrer logo a seguir.
Sentes que tens alguma influencia em particular de algum realizador?
É aquela coisa, eu às vezes nem te sei dizer quem é. Eu se calhar já vi aquele filme, mas não sei de quem é. Eu acho que não há ninguém em particular, mas por
exemplo aquele filme francês que é o “Alta Tensão” que é de terror, não sei quem realizou, mas foi um filme que influenciou “A Chamada”. Não tenho nomes específicos, mas sei que não nasceu comigo, tu vais buscar as influências a tudo o que vês, inconscientemente. Para “A Chamada”, “Frequência” também foi uma referência. Mas tem de haver referências, no teatro, quando lês, etc…
Mas também vou buscar a episódios estranhos que me acontecem, uma vez estava no metro, estava sentado e um gajo começa a cantar e virou-se para mim e perguntou-me se cantava bem e depois começou a contar a história da vida dele, que sempre quis ser cantor, e quando estamos tristes temos que cantar, e que não queria dinheiro, queria apenas cantar para animar as pessoas no metro, queria fazer as pessoas felizes. E aí está um grande personagem!
Por vezes também surgem nos sonhos. Eu sonho todas as noites, e todas as noites me lembro do que sonho. O que é bom e é mau, por vezes é um bocado complicado, confunde-se um bocado a realidade com a vida do sonho, se aconteceu ou não aconteceu, já cheguei a discutir com a minha irmã num sonho e de manhã acordo mal disposto com ela. Às vezes preferia-me não lembrar, às vezes aponto, mas outras vezes é demais.
Qual é o teu filme português favorito?
Tenho dois, “Costa dos Murmúrios” de Margarida Cardoso e “Zona J” de Leonel Vieira, que é um dos realizadores que eu prefiro em Portugal. “Costa dos Murmúrios” é com a Beatriz Batarda que é a minha actriz portuguesa favorita, ela é genial, “A Costa dos Murmúrios” é passada numa colónia em Moçambique na década de 70 que é uma época que adoro. Também adorei o “Mal Nascida” do Canijo, principalmente pela transformação da Anabela Moreira, gostei muito da imagem, do som, e a representação estava muito credível.
Onde te vês daqui a dez anos?
Vou ser sincero, daqui a dez anos, espero estar em Los Angeles e a sobreviver com o dinheiro dos meus filmes, não ser multimilionário, mas já estar a ganhar dinheiro a sério, espero estar lá, mas ter deixado cá uma marca. Espero ir para lá e espero que seja com o “Oblivion”, que é mesmo a minha aposta, para que me vejam como realizador mais do que outra coisa qualquer, porque “A Chamada” ainda não me vai mostrar como realizador, mas espero que no “Oblivion” olhem para mim e digam: “Ok, o Vasco Rosa e é um realizador”.