Domingo, 03 de Outubro de 2010

Casablanca, cidade marroquina filmada num grande estúdio de Hollywood. Vivia-se então os tempos áureos de Hollywood, e apesar de se fazerem tramas demasiado dramatizadas, drama acrescido que provoca previsibilidade fácil, mas que no entanto não atenua na totalidade a grandeza de Casablanca. O que antigamente seriam filmes a lutarem pela grandeza de trama, pela inteligência na intriga, pela explosão (um pouco desnecessária) de sentimentos, transformou-se hoje, em remakes atrás de remakes, em sensacionalismo sem sabor e na maioria das vezes imaturo.

 

 

 E assim Casablanca surge como possivelmente um dos mais amados filmes feitos na idade de ouro de Hollywood. Um clássico eternizado por um excelentíssimo figurão, chamado Humphrey Bogart. Acusarei Bogart de ter um papel tremendamente preponderante nesta trama. Será provavelmente das melhores prestações de um artista da representação nestes tempos precedentes à actual modernidade. Bogart transmite tal calma, serenidade, eloquência que me faz sentir invejoso. Ciumento por assistir a personagem com manias tão sublimes. Apresentando-se despreocupado com o que o rodeia sempre na perfeição, Bogart consegue um papel frio e cauteloso.

 

 

 Depois teremos sempre aquele exemplar brilhantismo que emanava nos grandes planos das actrizes, neste caso, posso afirmar que em cada grande plano de Ingrid Bergman, ela literalmente luz. Aquela capacidade de fazer luzir a actriz poderá condensar a expressão de estrela. Avantajando o protagonismo acaba por revelar-se uma belíssima e clássica técnica, que caiu (penso eu) em desuso com as maravilhosas cores. No entanto Casablanca não será obviamente estrelas, impossível será olvidar aquele ritmo frenético, aquela trama imprevisível e cativante. Aqueles momentos que marcaram uma arte que hoje é demasiado espectáculo, chamada cinema.

 

 

O que se pode aprender com Casablanca, será claramente a força da estrutura, o poder de ter algo no papel com pés e cabeça, a capacidade monumental que tem a mente humana em criar, em desenvolver, e em transformar aquilo que está na mente em imagem, em situações, em realidade. A magia do cinema será muito provavelmente conseguir transformar o nosso pensamento em algo real, belo e uno. A imagem existe, uma vez existindo a imagem, só falta transportar aquilo que imaginámos para dentro dela, e depois, compreender, como os autores de Casablanca certamente dominavam, a importância do plano em cinema, o plano como o meio de transmitir, o plano que é o resultado e que será a percepção do espectador sobre o que vê, então cada plano funciona com o anterior, evitando futilidades.

 

 

Casablanca foge desde o primeiro momento a um estatuto de efémero e é instantaneamente carimbado com a eternidade. No final, quando Rick diz "I believe this is the begining of a beautifull friendship", eu também acredito que grandiosa amizade despoletou neste solene final, uma amizade entre esta obra e a história do cinema.

publicado por Pedro Emanuel Cabeleira às 00:18

De Jorge a 3 de Outubro de 2010 às 18:02
Bom texto, mais uma vez. E estou plenamente de acordo. Um clássico charmoso, sublime e divinal como já não se consegue e não se almeja conseguir hoje em dia. De facto o argumento é misterioso, com tensão e suspense constantes e muito equilibrados, que nos vão transportando com toda a calma e o ritmo para o desenlace final. Sem, no entanto, descurar a componente cultural, histórica e educacional. Magnífico.

No plano das actuações é verdade que Bogart se destaca, sendo a mais conseguida, mas é Bergman que brilha. Rouba as cenas e deslumbra-nos com a sua aparência. Acho que fiquei fã da actriz, ainda que tenha visto, até à data, poucos mais filmes dela.

abraço


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