Quarta-feira, 29 de Dezembro de 2010

João Pedro Rodrigues é um chato. Se há algo que certamente não volto a repetir é ver um filme deste “autor”.  

Porquê filmar sucessões de acontecimentos desconexas, ilógicas e desinteressantes? Porquê esta necessidade de forçar o artístico, o metafísico ou o poético? É assim que se faz cinema quando se conforma que não há público?

Pois bem, este “O Fantasma”, é dos filmes mais enfadonhos que vi na vida, além do mais “O Fantasma” é feio visualmente.

Depois não tem história, aquilo não é uma história. Passados cinco minutos de filme, a primeira coisa que comecei a desejar foi que o personagem morresse e que o filme terminasse imediatamente. Não encontro nenhuma tentativa de revelar uma auto-descoberta ou o que quer que seja, não compreendo qual a mensagem que o realizador pretende passar com este filme. Mas há alguma mensagem? Sim, eu já percebi que o protagonista é gay, chegam-me cinco segundos do segundo plano. É como se tivesse alguém a soprar-me uma vuvuzela aos ouvidos vinte vezes só para me mostrar que sabe soprar a vuvuzela, eu percebi à primeira. Depois que razão é essa de revelar as suas tendências caninas? Porque raio lambe ele a rapariga? Porque raio eu tenho que o ver a vaguear no meio do lixo por tempo excessivo?

João Pedro Rodrigues terá dito “…não sei muito bem se o mistério sempre é revelado ou “passa” para quem vê o filme”. Bem, neste caso não passou.

 

 

Sim, é verdade que o cinema é uma coisa onde a narrativa tem de ser o mais ambígua e confusa possível, é verdade que o cinema deve ser algo que não renda, é verdade que o cinema deve ser visto pelo menor número de pessoas possíveis, é verdade que o cinema deve tentar ser o mais verdadeiro possível, ter apenas os artifícios indispensáveis, porque se não, pode correr o risco de se tornar interessante, de divertir, de emocionar, de transmitir algo ao espectador, e não é isso para que o cinema serve!

É muito melhor ver olhares vagos que não dizem nada, pessoas que no meio do nada começam a trocar carícias, rapazes a terem sexo com motas, a lamberem paredes de balneário ou caras de raparigas, a brincarem com cães que a meio do filme se evaporam, porque isto tudo é mais verdadeiro! Porque é isto que faz o bom cinema, é introduzir elementos que depois não irão ter qualquer desenvolvimento na “trama”, mas atenção, também não é preciso haver trama.

Não usem banda musical, isso não! Por favor, há que respeitar o silêncio, este tem que estar tão presente de modo a tornar-se vulgar, porque se tornar o silêncio vulgar este não vai entediar minimamente mas sim transmitir imensas mensagens metafísicas, é poético, sim!

Só não percebo porque é que Kubrick tinha música nos seus filmes. Realmente não tem sentido.

E histórias sem desenlace são mais interessantes, porque assim o espectador é obrigado a imaginar, ou então a pensar que para a próxima é melhor ser ele a escrever um filme, ou então não é preciso, olha para uma parede branca durante meia hora e imagina o resto.

Tenho que concluir que ver “O Fantasma “ de João Pedro Rodrigues foi um exercício de auto-controlo, um esforço para não me enervar, e um apelo à calma, visto a partir dos trinta e cinco minutos começar a suplicar para que o filme acabasse. 

“O Fantasma” está cheio de vazio, um vazio profundo que tenta ser intermediário de um abstracto, de um estado de espírito, mas que não transmite qualquer emoção, não surpreende, é cansativo, repetitivo, pouco original e chateia. Porque o vazio não diz nada, e o que vai fazer uma pessoa ao cinema para ver algo que não lhe diz nada e não percebe? Eu agora pergunto porque será que a maioria dos estudantes detesta matemática? Certamente não é por serem uns entendidos.

Lamento ter que escrever isto, porque acredito que quem trabalhou neste filme deu o seu melhor, mas não é assim que se vai lá.

 

Assim termino citando Bad Behavior num dos seus posts mais recentes:

 “Não que o mercado seja estúpido ou ignorante: apenas acontece que ele encontra produtos melhores e mais baratos noutros países"

publicado por Pedro Emanuel Cabeleira às 23:10

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